C.R. Jornalismo

Flamengo vende mais, é fato. Rubro-negro vai da euforia ao caos e vice-versa em questão de 10 linhas. Ninguém é convencido tão rapidamente que está rumo a Tóquio, nem a série B, como o flamenguista.

Chama-se paixão, aquela que cega, te faz de bobo, te faz acreditar em tudo que você ouve, especialmente quando vão totalmente a favor ou totalmente contra o que você pensa.

Adriano nunca foi “menos culpado” dos seus problemas por causa da imprensa. Mas ela é também parte responsável pelo “show” que fizeram de sua vida.

Se falta, como faltou, é absolutamente coerente que se noticie sua noitada prometendo ser manchete no outro dia. Faz parte, tá no contexto, é notícia pro torcedor.

Quando de férias, porém, não é. Quando sem contrato ou quando cumprindo com seus deveres, não é notícia o que faz a noite, em casa, na favela ou numa casa de shows.

Dizem por aí que “figura pública” tem que aprender a conviver com isso. Eu custo a entender o que faz de alguém “público”.

Adriano joga bola, o que não dá o direito de ninguém segui-lo para saber o que ele comeu na janta, ou fotografar sua casa para descobrir se ele voltou ou não com sua ex-namorada.

Infelizes insinuam, dão “notinhas”  e tentam transformar a coisa num Big Brother.  Outros partem pra analise médica, diagnosticam o sujeito a distancia e até discutem que tipo de tratamento ele precisa.

No São Paulo e no Corinthians, onde cansou de faltar, ninguém fazia dossiê sobre suas noites. Não interessava, agora interessa.

Eu não sou defensor do Adriano, nem acho que ele deva ser perdoado pelo clube mais uma vez. A discussão não é essa, nunca foi.  Tentam transforma-la num debate simples sobre o que é ou não notícia. E aí, se formos práticos e menos cautelosos com alguns colegas chegamos ao argumento final rapidinho: “Dá clique? Então é notícia”.

Foda-se quem fez. Quando eu estava la na Globo.com metia o pau quando UOL ou R7 faziam esse tipo de coisa.  Agora que a Globo passou a fazer vou fingir que não vi ou que passei a gostar?

Vejo o Adriano fazer um vídeo daqueles e me pergunto: O que esse cara tem na cabeça?

Depois vejo um sujeito noticiar que ele mostrou o cofrinho e comeu cachorro quente na capa do maior site do país, e pergunto a mesma coisa.

A diferença talvez seja que o Adriano faça as merdas, repita, assuma e não tenta diagnosticar e nem indicar tratamento ao jornalista que passa 4 anos estudando pra  seguir cofrinho na madrugada.

Já o jornalista…

Acha o cara “doente”, como muitos insinuam ou afirmam em suas redes sociais? Então que tipo de gente manda reporter seguir um “doente” a noite pra noticiar seus passos?

O que é pior? O sujeito perdido que acaba com a própria carreira por não saber controla-la ou o que persegue fazendo uso deste descontrole pra criar um “show”  diário de entretenimento?

A falta é notícia, o cachorro quente e o cofrinho não. Quem dá diagnostico é médico, não jornalista. E se alguém precisa de “tratamento” nessa história toda, não é só o Adriano…

abs,
RicaPerrone