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As bandeiras

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As bandeiras

Após uma rodada onde uma mulher erra um lance na arbitragem sempre me fazem a pergunta: “Mulher deveria apitar jogo de homens?”.  E eu sempre fico com medo de responder o que de fato penso, pois hoje em dia ou você fala o que “pode” ou fica na sua.

Pois bem. Eu acho que sim, podem apitar sim. Não é o fato de ser mulher que determina o quanto a pessoa tem capacidade de enxergar um impedimento.

Mas é também bastante incontestável a facilidade que o homem tem dentro de um campo em relação a qualquer coisa que ali aconteça.  Por ser homem? Não, por ter sido criado dentro disso.  Mulheres dificilmente são criadas no futebol, e quando são, mesmo que joguem, jogam muito menos vezes que os homens.

É cultural. Um prato cheio pra uma duzia de feministas alucinadas virem gritar que “nada a ver”.  Mas no fundo, sabemos. É como fazer a unha.  Eu posso aprender, mas é mais fácil uma mulher que faz a unha há 20 anos pegar o jeito do que eu.

Evitaria? Não. Treinaria até evitar os erros mais grotescos.

Colocaria num clássico?  Acho que não.

Jogadores são reflexo da sociedade e isso nada tem a ver com futebol. Uma mulher em forma é “gostosa” e no campo vai sair a mesma palavra, queiram ou não. Ela será sempre a “gostosa que apita”, não a ótima bandeira que está ali.

Tem que ser feia, então? Não. Na verdade não tem que ser nada. Apenas aceitar o fato que é uma novidade, que o passado de quem tentou não ajuda no crédito e que a dificuldade é maior.

É um mundo de homens. Qualquer mulher tem dificuldade em entrar nele.  Não é machismo, nem conspiração. É instinto, cultura, hábito.

Se fosse homem, era só “ladrão” hoje cedo.  Sendo mulher, é “mulher”.

Isso pra muita gente soa como um preconceito inaceitável. E eu discordo. Acho o preconceito instintivo. Haverá sempre, pro bem e pro mal.  O problema não é ser mulher, mas sim o tamanho do risco.

Uma coisa é você colocar um bandeira homem que vai passar sem ser notado. Outra é uma loira em meio a 40 mil homens sem nenhum limite do que dizer, gritando na orelha dela o jogo todo, com cameras espalhadas, o fato dela ser mulher berrando em seu ouvido e dois times que invariavelmente olham pra suas coxas a cada escanteio.

Isso evidentemente a pressiona mais do que a qualquer homem. E se já é mais difícil pra uma mulher entrar no futebol, imagine sob estas condições.

Pra ser bandeirinha mulher tem que ser macho. Muito macho.

abs,
RicaPerrone