A vida não é um “Encontro”


Para quem não sabe, esse é Hendrick, jogador jovem, quase uma criança ainda. Foi dispensado pelo Vasco e foi as redes sociais dizer que era por ser favelado e ter tatuagens, “vítima” de preconceito, portanto.

Esse momento é maravilhoso porque é um fruto no futebol do que estamos plantando fora dele.

O que ele está fazendo não é um surto. É uma tendência. Todo santo dia esse garoto liga a tv e vê algum fracasso ser justificado com vitimismo, seja ele real ou exagerado.

Toda vez que um moleque na escola faz merda ele não vê o pai ir lá e castigar o garoto. Ele vê o pai brigar com a escola em defesa do filho.

Toda vez que a gente não consegue algo a última opção é olhar pra nós mesmos. A primeira é procurar um culpado, um motivo, um preconceito, algo que lhe coloque na melhor situação do mundo hoje: a de vítima.

Acredite: dá mais mídia ser oprimido e sofrer preconceito do que ser talentoso e vencedor. Basta ver a quantidade de cantores que não cantam e tem mídia contra os que cantam e não fazem uso de sua condição social/sexual/capilar/racial para promover seu DVD.

Já éramos uma sociedade vira-latas, agora somos com louvor.

Achávamos o sucesso um crime, a merda um lugar comum. Agora a merda vem com argumento e vitimismo. Ficou ainda pior.

Quando eu era moleque meu pai dizia que se eu fosse expulso da sala de aula uma vez podia ser culpa do coleguinha. Duas, com muita sorte, do coleguinha e implicância do professor. Quinze a culpa era minha. E assim me ensinaram a bater, apanhar e seguir em frente.

Eu fui expulso de 5 escolas. Fui o pior aluno que já tive notícias. Em nenhum momento meus pais ficaram do meu lado ou vitimizaram meus erros.

Se eu não fui vitima alguma vez? Provável que muitas. Como diz o humorista Chris Rock em um de seus shows, o mundo está cheio de idiotas e filhos da puta. Se a escola não tiver esse tipo de gente eu não estou preparando meu filho pro mundo e sim criando um imbecil.

Hendrick, meu craque, tu não vai jogar no Vasco e talvez por esse post você vá ao Encontro, ganhe um abraço coletivo de artistas tatuados, crie uma ONG e até seja chamado por um clube disposto a pegar o marketing por tabela do caso.

Mas se você fosse meu filho eu brigaria pra tu fazer teste no Flamengo até passar, enfrentar o Vasco, meter 3 e comemorar na cara do dirigente que te recusou.

Não sendo, eu acho que tu vai na Fátima Bernardes essa semana. Mero palpite.

RicaPerrone