A razão que se nega

A regra é a solução encontrada pelo mundo para a falta de bom senso. Se houvesse o bom senso não seria necessário o rigor de uma regra. Mas o bom senso é um luxo que poucos tem alcance.

O que o Botafogo está pedindo é justo. E um tanto quanto injusto.

É regra. Mas usada pelo interesse próprio e não pela causa. A causa é maior e por isso o STJD deve negar o pedido do Botafogo que, insisto, tem base, tem razão, mas não tem função.

O VAR lá está para que erros como os que diversas vezes mudaram resultados do Botafogo eliminando-o de torneios até não aconteça mais. E nesse processo as vezes vai acontecer um erro de 5 segundos pra lá ou pra cá onde o juiz tenha que decidir entre “ter apitado” ou não cometer um erro que mude o jogo.

Ele mandou jogar. Só que o pedido dele interromper o jogo, embora haja regra pra discutir isso, não alterou em rigorosamente NADA o que deveria acontecer.

Foi pênalti.

E aí o Botafogo procurou uma forma legal de se dizer injustiçado num lance onde, sem qualquer interferencia negativa para o jogo, o árbitro corrigiu um erro grave de fato.

O objetivo do VAR foi alcançado com sucesso: corrigir um erro que mudaria o resultado do jogo.

Se você me falar que a bola rolou e alguém tomou amarelo, que pararam um contra-ataque do Botafogo, algo assim, ok. Vamos avaliar as perdas. Mas não há nenhum dano ao Botafogo os 5 segundos que ele demorou a mais para pedir pra interromper.

Tá na regra? Tá. Pode reclamar? Pode.

Deve? Não.

Ser lesado é diferente de encontrar uma oportunidade pra sair beneficiado. Que no caso é o que aconteceria se o Botafogo anulasse a partida por uma ação do árbitro que não interferiu em absolutamente NADA do que seria caso ele tivesse recebido o aviso no ponto 5 segundos antes.

Essa deveria ser a discussão. Mas entre o bom senso e o clubismo, a disputa e o bem maior do futebol que são os 3 pontos, foda-se o bom senso.

RicaPerrone