A maior derrota

 

As eleições do Vasco em 2014 foram surreais. Quem acompanhou de perto sabe que teve de sócios fantasmas se cadastrando a ameaças de morte no dia da votação no clube. Uma baixaria digna do que viria pela frente.

Naquele dia, quando Eurico Miranda retomou o Vasco como quem toma uma boca de fumo, as perspectivas de um Vasco novo, diferente e com futuro foram tomadas de milhares de bons vascaínos por uma dúzia de indecentes cruzmaltinos dispostos a derrota-lo.

Fizeram, fizeram, fizeram, conseguiram.  Estavam eleitos Eurico Miranda e sua turma através de eleitores “novos” que surgiram dentro do prazo e viraram sócios.

Aos berros, ainda acreditando estar em 1980, o dono do Vasco foi comprando parte da torcida a moda antiga. Uma zoada no rival aqui, uma frase de efeito ali, um carioca, tudo certo! “O respeito voltou”.

Eu sinto que pela primeira vez vi um clube ser sequestrado. Os sócios vascaínos não deram o clube nas mãos do Eurico, e os que não votam menos ainda.

Desde então um festival de erros que não cabe ficar listando aqui. Era a camisa do Vasco contra o seu maior adversário: o Vasco!

Tudo resolvido na rodada 23. Mais de 12 pontos de diferença pro primeiro não rebaixado, uma chacota nacional.  “Já era”.

E foi nesse “já era” que duvidei. Porque time grande até perde, mas não perde de véspera. O Vasco reagiu, quase escapou, diria até que faltou uma dose de sorte,  um pontinho aqui ou ali a mais e a tragédia teria virado história.

Mas talvez o Vasco que evitaria a queda em 2015 seria o rascunho do rebaixado em 2016.

Uma merda tentar ver por esse lado, mas há um recado na queda do Vasco. E esse recado será interpretado da forma que o clube conseguir.

Eu já tinha visto o Vasco perder. Já tinha visto o Vasco cair. Mas nunca tinha visto um ser humano derrotar um clube. Foi a primeira vez e disparado a maior derrota da sua história.

Eurico Miranda venceu as regras, o conselho, a esperança e agora o próprio Vasco.

Sim, ele conseguiu. E neste domingo, dia 6 de dezembro de 2015, é correto dizer que um homem foi maior que o clube.  O que será na manhã do dia 7, não faço idéia. Mas hoje a noite o Vasco dorme refém, em cativeiro, sob ameaça de mais tortura e sem nenhum pedido claro de resgate.

A sorte é que ele sequestra, judia, mas não mata.

abs,
RicaPerrone