A hipocrisia sem limites

Sou o jornalista esportivo que mais combate a própria classe. Não me importo e, honestamente, me sinto muito mais um cara do entretenimento do que um jornalista.  Vou contra quase todos os princípios básicos do que formam um “bom jornalista” esportivo.  Acho tosco.

Acho, aliás, a mais fácil das áreas do jornalismo e a que com menos inteligência é conduzida.  E vou bater mesmo que isso descredibilize meu diploma, meramente porque nunca fui retira-lo.

Você liga a tv e o rádio todos os dias e ouve 200 mil caras que aprenderam a colocar virgula na faculdade achando que isso os credencia a avaliar futebol.  É “jornalistico” o papel de entender de futebol na cabeça megalomaniaca desses caras.

Aí eu vou pra um exemplo simples, recente e constrangedor.  A CBF fez um evento onde profissionais das mais diversas áreas do mundo todo vieram debater e palestrar no Brasil.  Eu estive lá, e desconfio que eu e Raphael Rezende do Sportv eramos os únicos ali não a trabalho. Desconfio, não tenho certeza.

Seja como for, eram poucos. Ninguém queria ouvir o dirigente do Barcelona explicar metodologia administrativa. Porque jornalista brasileiro condena, manda se atualizar e estudar, mas ele mesmo se nega a ouvir qualquer pessoa devidamente capacitada.

Aí você me diz: “Mas todo mundo trabalha. Nem todos podem assistir!”.  Claro, claro! E então esperei uma semana.  Passou ao vivo, e os videos com tradução simultanea foram colocados separadamente na web e enviado a todas as redações por releases.

Sabe quantos views tem a palestra do cara do Florida Cup? 200

O do Barcelona? 200

A mulher que cuida da internacionalização da Bundesliga? 200.

Vamos supor que metade disso (que óbviamente não é o caso) seja de gente da imprensa interessada em evoluir. Significa que do país todo, apenas 100 pessoas tiveram tempo e curiosidade de ouvir aqueles que mandamos ser nossas referencias de assuntos que preferimos ignorar.

Sim, sejamos práticos. A imprensa esportiva é MUITO pior do que o nível técnico e administrativo do futebol brasileiro simplesmente porque ela influencia milhões sobre um assunto que ela não tem conhecimento algum.

E quando tem na frente dela uma oferta grátis de evolução, ela recusa e vai ao ar gritar que é preciso buscar conhecimento para treinadores, dirigentes, etc.

Dunga estava lá. Oswaldo, Jorginho.  Dunga, técnico da seleção, fez o curso da UEFA ano passado.  Mas nós, super jornalistas esportivos, não precisamos de nada disso. Já sabemos tudo

Vou colocar aqui os 40 minutos onde o cara do Barcelona fala e explica o que foi feito lá e assim você poderá formar sua opinião pela fonte. Note que TUDO que a imprensa faz com futebol, que é cobrar resultado, vai contra o PONTO INEGOCIÁVEL número um do conceito Barcelona.

Você sabia? Não, nem eles.

Parabéns a CBF pela ótima iniciativa. E mesmo que não agrade a mídia, faça outras. Quem pode de fato evoluir nosso futebol estava lá aprendendo e não no ar gritando.

abs,
RicaPerrone