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A descoberta

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A descoberta

Acho que há alguns anos tenho uma guerra contra “meus colegas” sobre o que penso de esporte e como ele deve ser tratado. Pelo fato de não ter como exemplificar, sempre tive dificuldade em explicar pro “não jornalista” qual era meu ideal. Agora conseguirei.

Quando você vê o comentarista chorando, o narrador perdendo a voz, o repórter se perdendo diante de um ídolo, você está vendo transmissão esportiva.

Todo o resto, inclusive o que se julga “jornalismo”,  não passa de uma grande mentira a partir do momento que emissoras e profissionais de imprensa estão envolvidos com as compras ou não de direitos de transmissão. Não há imparcialidade. E se não há, não há jornalismo.

E sendo esporte um lazer de quem assiste, o entretenimento deve estar acima do jornalismo sim. Pois é disso que se trata esporte: entretenimento.

Quando os profissionais do Sportv ou da Foxsports perdem o irritante terno e gravata pra chorar feito criança diante de um momento esportivo, estão mostrando que são sexólogos que ainda gozam. Quando com futebol, especialmente o nosso, se mostram frígidos.

Não há qualquer possibilidade de um dia eu aceitar que um dos vários colegas jornalistas que estavam na abertura da Copa, e não se levantou no gol do Neymar contra a Croácia, tenha seu emprego no outro dia.  Parece exagero, mas se eu sou editor de um site, de um canal, de qualquer coisa, ao ver um jornalista esportivo não reagir emocionalmente ao que está levando pro torcedor, ele está demitido.

Simplesmente não se leva paixão sendo uma pessoa frustrada, fria, realista e pragmática.  A função de transmitir paixão, seja ela fazendo um circo, sendo carnavalesco de uma escola ou meramente narrando jogos de futebol, cabe apenas a pessoas cujos olhos ainda brilham.

A maioria não brilha. E hoje, nessa olimpíada deliciosa que chuta longe a postura azedinha da maioria, vemos o quanto se tem paixão ali dentro encubada por valores editoriais toscos de 1930, formados por intelectuais dinossauros do esporte que hoje se arrastam no ar em troca de favor dos ex colegas.

Jornalismo se faz na guerra. Jornalismo se faz em dopping. Jornalismo se faz quando necessário no esporte. O dia a dia, a transmissão do evento e a paixão que fomentamos em você se faz como estamos fazendo nas olimpíadas. Sem “poréns”.

Um colega um dia chorou no ar por ver o fim da geração espanhola. Este mesmo colega é incapaz de chorar com seu time campeão. Porque nem assumir o time dele, ele consegue.  E uso esse exemplo não porque não gosto do cara, sequer o conheço, mas porque aquele momento me deu a exata dimensão do quanto somos ingratos ao esporte que é a razão das nossas vidas.

Mais paixão, menos razão. É disso que se trata o esporte e, porque não, a vida.

abs,
RicaPerrone