Rivaldo, o meu Ademir

Por mais que a gente tente separar as coisas, sempre haverá uma dose pessoal e pouco justificável em qualquer analise.  Quem é que não  implicou com um jogador sem mais nem menos?

Quando eu era garoto meu pai me falava muito de futebol e sobre os ídolos dos clubes.  Um dia, falando sobre o Palmeiras, ele me disse que o grande ídolo do clube era Ademir da Guia.

Explicou o quanto ele jogava, a elegância, o talento. E completou: “Mas eu nunca gostei muito dele”.

Essa frase nunca me saiu da cabeça.  Pois como é possível após tantos elogios ao sujeito você me dizer que não gosta dele? Se gostasse então o elevaria a Jesus Cristo?

Pois o tempo passou. Cresci, esqueci e entendi.

Desde seu começo no Mogi, passando por Palmeiras e Corinthians e me dando um caneco em 2002 pela seleção, eu jamais consegui olhar pro Rivaldo como um ídolo. Ou, sequer, um cara que me fizesse ligar a tv pra assistí-lo.

Ai você me pergunta se eu não acho o sujeito um craque. E te digo que sim, é óbvio! Um puta jogador.  Mas que por algum motivo, seja no carisma, no jeito de jogar ou por mera implicância, nunca me significou nada.

Eu não me importo com a aposentadoria do Rivaldo. Como não me importei em vê-lo atuar pelo meu time há alguns anos.  Sua passagem, embora brilhante, não me chama atenção.

E por mais absurdo e sem sentido que isso possa parecer, me explica, enfim, aos 35 anos, o que meu pai sentia em relação ao Ademir.

Rivaldo foi um grande jogador. Um craque. Mas que eu nunca gostei.

Porque?

Sei lá.  Talvez pelo jeito de jogar olhando pro chão, que é algo que me irrita, ou pela falta de carisma. Talvez pelo complexo de inferioridade por ser nordestino, talvez porque não fui com a cara dele.

Mas nunca consegui.

E agora, aposentado, entendo que sem conseguir mexer comigo em toda sua carreira, Rivaldo me esclareceu uma das maiores dúvidas que tenho desde pequeno.

Agora sei o que meu pai dizia sobre Ademir. Então, agradeço.

Pelos gols, pela Copa, pela explicação.

Valeu, Rivaldo!

abs,
RicaPerrone