Respeite quem pode chegar onde a gente chegou

Quem foi que falou que não são “moleques atrevidos”? Quem são os caras que, em 2006, 2007 e 2008 diziam na mídia que o futebol carioca tinha acabado por falta de estrutura?

Não acabou, jamais acabará. Pelo simples fato de que certas coisas são grandes demais para sumir ou sequer encolher. Os times do Rio, assim como os demais 8 grandes do país, são alguns deles.

Faltava CT, Reffis, não sei mais o que. Agora, não falta mais. Era o Muricy o salvador do Flu, e hoje, sem ele, briga de novo. Era o Eurico que fazia o Vasco ganhar e, agora, sem ele, ganha. E o Flamengo, que flertava com a série B todo ano, hoje é potência nacional novamente. E o Bota, que era “quase pequeno” pra muitos e hoje é um dos favoritos ao caneco?

Sabe o que mudou? Nada.

Deveria mudar é a mania nacional de achar que futebol é momento até quando se avalia uma história. Se fosse momento, o Palmeiras e o Galo estariam fechados. Mas não é, porque são enormes, como os citados cariocas, só que em um “momento” ruim. Só isso.

Sem Maracanã, nem mesmo um otimista como eu achava que os times do Rio teriam o ano que estão tendo. Mas estão, porque assim como não se explica a má fase daqueles anos todos, a atual também não se justifica tão facilmente.

O Flamengo e o Fluminense continuam sem uma baita estrutura. Não foi isso que mudou. Não foi a base que salvou a pátria e nem um técnico salvador que resolveu tudo. É apenas uma fase.

Fase que merece aplausos especialmente por um motivo. Quando os paulistas dominavam o cenário nacional e faziam disso motivo para acreditar que o restante estava acabado, reinava sozinho, sem adversários a altura.

Hoje, quando vemos os cariocas em alta, não vemos os paulistas em queda. Vemos uma melhora no futebol do Rio, não uma queda nos rivais. O que é relevante e que, fatalmente, seria tratado como “super-times” se fosse o contrário.

Eu enxergo além da Dutra, o que nem todos fazem. Ao fazer isso sempre entendi e tratei a crise dos times cariocas como passageira, e quem lê há algum tempo sabe disso.

Como hoje, ao exaltar a melhora incrível que colocaria neste momento os 4 do Rio na Libertadores, também quero alertar contra a soberba que não ajudou aqui, em Sampa.

Aqui, quando tudo deu certo, subiram no tamanco e acharam que todo mundo era moleza. Eu ouvi e vi no dia do Corinthians x Fla, com Pet, Adriano e Love, comentarista dizer na Tv que “não tinha como perder pro time ridículo do Flamengo”.

Não caiam na mesma burrice. Amanhã será o Grêmio, depois o Galo, o Cruzeiro e assim vai. É cíclico, porque os gigantes não morrem mas também não são de ferro.

Quando e se um deles sair do G4 ou eventualmente “pipocar” no final, não destruam tudo. Não protestem como se fossem o último colocado porque já foram e sabem como é. Aconteça o que acontecer, serão detalhes que diferenciarão os primeiros colocados. Portanto, a grosso modo, o trabalho foi bem feito.

Aqui, quando campeão ou de boa campanha, se exalta demais os dirigentes. Noto que no Rio não jogam nas costas dos diretores mas sim dos técnicos e jogadores as conquistas. É ainda um romântico modo de ver futebol que me agrada, afinal, eles que jogam e, sabemos, dirigente mais atrapalha do que ajuda.

Mas é especial, confesso, chegar a cidade maravilhosa e ver camisas por todos os lados, gente discutindo futebol e sorrindo por isso. Há muitos anos eu não via essa veia carioca tão destacada como agora. É parte da cultura da cidade, não tem como viver sem ela.

O povo que mais gosta de futebol no Brasil é o carioca. E nada mais justo que seus clubes retribuam com resultados.

E se não foi a estrutura, se não são geniais dirigentes, se não é o Muricy salvando um time do Rio e nem um tapetão, que argumento usarão contra os fatos desta vez?

A inveja parou na esquina. OS times do Rio embarcaram num trem-bala a jato muito “loco”, e sem freio.

Abs
RicaPerrone

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Coluna desta terça-feira no RJSports.  Toda terça uma coluna inédita no metrô do Rio de Janeiro e nas bancas.  Aqui, só a tarde….