Os heróis, os vilões

Ontem, aqui mesmo, dizia que o Santos poderia tentar algo diferente sendo diferente. Há cerca de um ano todo mundo sonhava em ver Santos x Barcelona, mas não este Santos. Aquele que agredia e dava show. Este, pragmático e Neymardependente, não é metade do que foi aquele time.

Frente a frente, hoje, o exemplo do que é de se aplaudir e o do que deveríamos vaiar. Mas não vaiamos, pois só olhamos pro placar.

Sim, eu acho o futebol europeu super valorizado. Acho que a maior parte do time do Barcelona seria 60% do que é se não jogasse justamente neste Barcelona. Mas isso é achismo. O que temos é um time espetacular que dá baile e joga futebol o tempo todo. Digno de aplausos, um cometa que passa sei lá de quantos em quantos anos.

Imbatível? Não. Nem a pau.

O que existe de mais simples no Futebol é praticado pelo Barcelona. Se tem a bola, você não é agredido. Se passa bem a bola, não perde. Se marca na frente, toma a bola de quem tem menos qualidade, e se fizer isso, não verá seus rivais com muita gente em cima de você.

O maior mérito do Barcelona atual é respeitar a lógica e ter um técnico que respeita o clube que trabalha. O Barça toca a bola e joga bola. E se perder, perde assim. Mas se mantém Barcelona.

Do outro lado, sabendo tudo que teria pela frente, Muricy passou 6 meses olhando como faria uma enorme bobagem. Fez, com estilo.

Ao perder o Villa, veio Fabregas. Ficou desenhado pra qualquer cego: O Barcelona vai tocar a bola no meio-campo até cansar. Entrou mais um cara ali, era impossível imaginar algo diferente disso.

Muricy nota que o Barça perde um cara de frente, aumenta o volume no meio e mesmo assim resolve tirar um meia e colocar outro beque.

Deixa eu explicar o que tenho na cabeça por bom técnico: Se eu tenho 3 beques ruins e 3 bons meias, jogo com 2 beques pra poder ter mais bons jogadores do que ruins em campo. A formação deve privilegiar a sua maior virtude, não tentar arrumar seu maior defeito apenas.

Com 3 zagueiros, 2 laterais, o Santos fez uma linha na entrada da área e chamou o Barcelona. Deixou que a bola chegasse livre e fácil pro Xavi armar. Dá pra entender?

Dá! Porque foi com essa mentalidade covarde que se fez melhor do país. Mas ela não funciona contra times acostumados a agredir. Ainda mais os entrosados há anos.

Muricy não perdeu o jogo porque técnico não faz isso. Aliás, o Barça é que venceu, não apenas o Santos perdeu.

O impossível de aceitar é a forma que o talentoso time do Santos entrou em campo. Foram 6 meses de férias pensando e se auto-pressionando pra um só jogo, enquanto o Barcelona jogava clássico 1 semana atrás.

Quem foi pra lá confiante? Quem entrou voando e quem entrou sem um padrão?

Era óbvio que o Barcelona seria melhor, até porque, é!

Mas não é óbvio que se assista o adversário jogar e se anule suas principais armas as deixando isoladas na frente.

Muricy foi, de novo, covarde. E a mídia, que só vê resultado, talvez desta vez o critique. Mas ele só repetiu o que sempre fez.

O Barcelona não tem nada com isso. Fez e faz o que a gente sonha em ver. Agride, ousa, tenta, joga e marca em cima. O Santos fez tudo que um Europeu faria antigamente.

O baile poderia não ter existido, e time por time, nem caberia. O Santos não tem time pra tomar olé de ninguém, mas…  tomou.

A derrota é natural, normal, até justa.

A forma de perder é que não pode ser aceita.

O Barcelona foi Barcelona, o Santos foi Getafe.

Assim sendo, placar normal.

abs,
RicaPerrone