O imponderável rubro-negro

Flamengo e Botafogo sofrem de um mal comum. Os dois times ainda tem seus jogadores presos as novas funções e não conseguem fazer o jogo fluir com naturalidade.  O que, convenhamos, com 1 mes e meio de trabalho, nem chega a ser surpreendente.

É cedo pra reclamar, cedo pra exaltar. Ontem venceu aquele que tem maior qualidade técnica, o que nem acabou sendo determinante.

Os dois times fizeram um primeiro tempo muito sem brilho. O Flamengo ficou com aquela formação fixa, onde ninguém troca de posição e o Deivid, coitado, continua perdido de costas pro gol. Vamos discutir isso outra hora, mas acho essa formação do Luxemburgo um pouco complicada de dar certo a curto prazo.

O Botafogo, que não tem peças pra fazer o jogo fluir muito bem, usa dos contra-ataques e bola na área pro Abreu resolver. Também pragmático e preso em campo, ficou previsível.

Ainda assim, o Fla achou o gol.

Enquanto Ronaldinho e Renato tentavam de um lado, Leo e Thiago tentavam de outro. E aí mora o grande problema do Flamengo, por enquanto. Se as armações de jogada são sempre pelos lados do campo, o Deivid tá de costas fazendo pivô pra quem?  Não há um meia vindo do meio. Os dois estão abertos.

O argentino vai entrar nesse time jaja, ou o Negueba, ou seja lá quem for. Mas o Flamengo precisa centralizar uma opção de jogo.  Atrás do Deivid não tem nada, assim como do outro lado, com Abreu, a situação era parecida.

A diferença é que o Abreu tem ao seu lado outro atacante. Herrera corre, cerca.

O Deivid não tem nada. O Ronaldinho na esquerda, o Thiago na direita e ele fica ali, no meio, esperando o Fernando aparecer. Não dá.

Não vou dizer, também, que este seja o time ideal do Wanderley. Acho que ele ainda espera o argentino, que até outro dia nem podia jogar.  Seja como for, o Flamengo só conseguiu jogar bola no segundo tempo. Porque?

Porque o Negueba se movimenta. Ele não entra pra ser pivô. E quando ele está correndo pra direita, o Thiago vem pro meio. Quando pra esquerda, o Ronaldinho também se mexe.

Movimentação! É isso que está faltando ao Flamengo.

Ao contrário do Botafogo, o rubro-negro tem elenco pra isso. Joel não pode escolher muito.

O Fogão empatou com Abreu e o Fla teve mais posse de bola até o fim. Mas não fez o segundo, nem levou.

Nos pênaltis, onde a sorte conta, mas o lado psicológico é mais importante, deu o mais provável.

É sempre provável que o Flamengo vença uma decisão por pênaltis contra o Botafogo. Não por haver diferença entre os clubes, mas por haver um histórico recente que traumatiza o alvi-negro.

O imponderável rubro-negro de Ronaldinho, Thiago e cia, não fez por onde. O provável, dos pênaltis e do poder de decisão, fez o seu.

Falta brilho ao Flamengo. Falta personalidade ao Botafogo.

O brilho é questão de tempo, de treino. E a personalidade?

Se todos fossem Abreu, o Fogão teria sido mais ousado e perigoso.

Mesmo não sendo, do outro lado a camisa ajuda na hora dos pênaltis.

E o Flamengo é 98% campeão da Guanabara.

Porque 99% dá azar.

abs,
RicaPerrone