O capitão

Basta um jogador querer e seu time pode perder 3 pontos por jogo no Brasileirão que vem aí. A idéia para que clubes paguem em dia é boa, a forma, no entanto, é contestável.

Simplesmente porque você não pode do dia pra noite pegar clubes que devem 5 meses e pedir que não atrasem mais 1 mes sob pena de perder pontos, cair, e então nunca mais acharem um meio de equalizar as contas.  Acho que pode ser parecido, mas não exatamente assim.

E aí vou na figura mais inútil do futebol brasileiro: o capitão.

Porque diabos o líder de um grupo é determinado pelo chefe dele e não pelo grupo?  Começa o erro ali. Normalmente o capitão é imposto ao time, não escolhido. E então, tem uma liderança muitas vezes contestada.

Ele é fechamento do treinador, não necessariamente do grupo.

Porque não damos um valor e uma responsabilidade ao capitão do time?  Por exemplo:

Todo ano o grupo se reune e elege um capitão. Isso não passa pela comissão técnica, nem pela diretoria. É o líder do grupo.  E este, como representante legal do time, se reporta ao Bom Senso, a CBF e a direção do clube.

Quando então o capitão do time for na CBF denunciar atraso de salários, aí sim, o clube perde pontos.  Quando um jogador qualquer, contra o restante do grupo, o fizer, não deve ter o mesmo valor.

Porque?

Porque o futebol é um meio sujo tanto quanto qualquer outro onde muito dinheiro esteja envolvido. Você pode encontrar um jogador que brigou com a diretoria disposto a acabar com o trabalho de um ano de um clube. O problema é que perder pontos no campeonato reflete também para os jogadores e seu futuro.

É uma relação de quem tem pouco a perder. Ou você acha que o Fred pediria a perda de pontos do Flu e seria rebaixado? Já o grupo do Botafogo em 2014, ha 5 meses sem receber, este sim, poderia coletivamente dar a cara a tapa.

Jogar tudo isso nas costas de um atleta é uma tremenda covardia.

Talvez tenham encontrado uma forma do capitão do time ser oficial e relevante perante o grupo e a torcida. Não apenas o cara que fala com o juiz e carrega uma tarja no braço.

A idéia é bem vinda, a CBF está tentando melhorar as coisas, reconheço. Mas é muito mal pensada e dá margem a muito mais discussão, STJD, Tapetão, ou seja, tudo que não queremos no futebol.

Dá pra fazer melhor.

abs,
RicaPerrone