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Marcos, o goleiro de todos

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Hoje, 4 de agosto, Barack Obama faz aniversário.  O presidente dos EUA ganhou uma eleição e status. Ganhou poder, fama, dinheiro, responsabilidades, adoradores e odiadores, como todas as pessoas famosas deste mundo. Ou, quase todas.

Porque neste mesmo dia 4 de agosto o único sujeito famoso, que defende um clube, que erra, acerta e é ícone de uma torcida sem ser odiado por ninguém também faz aniversário.

Marcos, ou São Marcos, como queiram, não é mais goleiro do Palmeiras.

Ele ultrapassou a fronteira quase inexpugnável da paixão clubística no Brasil e fez com que todos, seja  tricolor, alvi-negro ou colorado, o respeitem e o admirem.

Marcos não fez isso através de defesas apenas, pois outros tantos fizeram tanto quanto ele. Poucos, é verdade. Mas fizeram.

Marcos não é o melhor goleiro da história do futebol. Talvez não seja nem o maior goleiro da história do Palmeiras. Talvez.

Marcos é o símbolo de uma geração que viu o Palmeiras sair da lama para as suas maiores glórias e, em seguida, voltar a lama. Ele ali, torcendo, se dedicando e honrando o que veste nas duas situações.

Talvez, quando retomar as glórias, ele não seja mais o goleiro.

Hoje o Palmeiras é não é sombra do Palmeiras de 99. Marcos também não é sombra do Marcos de 99.

Ambos, porém, continuam gigantescos independente da fase.

Marcos vai parar, o Palmeiras não.

Marcos não tem rivais, pois não consegue fazê-los.  O Palmeiras tem muitos, pois sua grandeza incomoda.

A postura arrogante de um time grande, quase parte do DNA dos seus torcedores e dirigentes, não combina com Marcos. E por não combinar, ele se destaca.

Quase ninguém sabe perder. Mas no Brasil, especialmente no futebol, o problema é o tanto de gente que não sabe ganhar.

Quando ganham, pisam nos outros, se consideram incotáveis, criam inimizades bobas e não conseguem se lembrar de onde vieram.

Marcos sabe ganhar, por isso ganhou tanto. Não sabe perder, o que é parte da personalidade de um vencedor.

Marcos perde a linha quando sai de campo derrotado. E é bom que assim seja, pois você só aprende a perder, perdendo.

Quem não aprendeu, sinal que perdeu pouco.

Hoje Marcos faz 38 anos. É hora de parar, talvez.

Talvez não.

Parar é uma opção dele. Deixar de ser uma lenda não mais.

Pelas mãos de Marcos o Palmeiras ganhou uma Libertadores e eliminou o Corinthians em Libertadores duas vezes. Eu sei, como você também sabe, que nem o Penalti de Zapata pra fora no Paléstra foi tão comemorado quanto o de Marcelinho Carioca.

Nada que apague a falha dele no Mundial. Ou, pensando bem…que falha?

Obama comemora hoje sua grandeza, seu poder e sua título de presidente dos EUA. Algo que fará dele, amanhã, um sujeito admirável ou odiado.

Marcos comemora dezenas de títulos e a certeza de ser o único jogador brilhante da história dos grandes clubes do país que conseguiu, sem trocar de camisa, ser ídolo de todos nós.

Não pelo goleiro, mas pelo homem.

E as portas da aposentadoria, o que passa a interessar é o homem, não mais o goleiro.

Alguns se orgulham da carreira, outros da conduta.

Marcos pode se orgulhar dos dois.

E nós, de tê-lo como goleiro. Vista você a camisa que vestir.

Parabéns, Marcão!

abs,
RicaPerrone