Levanta ou corta?

Normalmente aos 40 do segundo tempo eu já tenho metade do que vou escrever bem resolvido na cabeça. As vezes termina o jogo e eu fico caçando uma abordagem pra partida até encontrar algo que não seja um relato do jogo disfarçado de comentário. Mas hoje, ao final de Botafogo 3×1 Atlético MG, confesso não saber o rumo que devo tomar.

Detono o alvinegro de Minas ou exalto o carioca? Foi mérito de um ou muita falta de qualidade de outro?

Porque  é evidente que não houve um show no Engenhão. Mas tão evidente quanto isso é a diferença de qualidade entre o time do Botafogo, que não é uma seleção, e o do Galo, que a cada 6 meses pensa que montou uma.

Pra que lado caminhar?

Colocar o Bota nas alturas e amanhã ou depois se deparar com a realidade ou acreditar na soma de um bom time, entrosamento, moral alta, Abreu voltando, Renato encaixando, Cortez voando e tudo dando certo?

Ou lembrar que a seqüencia é boa, o momento é ótimo, mas o Galo, infelizmente, mesmo gigante, hoje não foi parâmetro?

Contra o Corinthians o Atlético teve 45 minutos de Atlético. Hoje, nem 5.

Méritos do Bota? Culpa do Galo?

Quem pode salvar o Atlético?

E quem diria que Caio Jr, pronto pra cair no Botafogo x Vasco, viraria dono de um time “bem armado e entrosado”?

Não, eu não diria.

Como não diria que o Galo faria o que está fazendo, por mais repetitivo que se torne.

Mas diria que não era o Luxemburgo o problema, e que talvez não seja o Dorival e o Cuca.

Direi, portanto, que o Botafogo vive algo que nem ele mesmo sonhou quando começou o campeonato. E confirmo essa tese facilmente resgatando os comentários dos alvi-negros quando o campeonato começou.

Veio Renato, surgiu Cortez, apareceu o Elkeson, mas nada disso colocaria o Bota na lista de candidatos ao título.

Hoje, não discuto com a tabela. Ele está.

Talvez não como favorito, mas como um dos possíveis.

Do outro lado, bem mais favorito que o Bota, está o Galo e o flerte com a degola.

“De novo?”, pensa o atleticano.

Pois é, de novo.

Talvez não. Talvez sim. O que não muda o fato de detalhes separarem o Galo do inferno ou do chão.

Grandes clubes vivem entre o céu e inferno. O Galo precisa se lembrar onde fica o céu.

Os dois clubes grandes que mais precisam de um grande título se enfrentaram hoje no Engenhão.

Talvez nenhum deles o conquiste em 2011. Mas está claro, ano após ano, que entre os dois o alvinegro carioca está bem mais perto de conseguir.

abs,
RicaPerrone