Léo e os vira-latas

Uma vez alguém me disse que o problema do Brasil era não ter passado por guerras, furacões, tsumanis e nada que fizesse seu povo ter que se unir e defendê-lo.

Eu não compreendi na época, mas hoje acho bem claro. Quando vou aos EUA tenho a nítida sensação de ter diante dos meus olhos o desenho do que ele disse. A diferença brutal do resultado final de um povo que se importa e ama seu país contra o que adora odiá-lo e que não faz o menor esforço para melhorá-lo.

Nós não conseguimos bater palmas.

O brasileiro é tão colonizado que basta um de nós chegar a algum lugar para que ao invés de aplaudir, contestemos. Basta uma coroação ser anunciada para que ofenda os não coroados.

Era dia de Léo. E honestamente, após 10 anos de clube, fim de carreira, que diabos importa se alguém acha se ele foi um craque, um medíocre ou um merda?

Era apenas uma festa para coroá-lo, não para fazer análise ou para discutir se ele a merecia.

Somos convidados de um casamento que chamam a noiva de puta nas costas do noivo. Somos incapazes de aplaudir sem “poréns”. O sucesso alheio nos ofende. É incrível.

Uma vez, há pouco tempo, discuti com um tremendo imbecil enquanto nosso Carlinhos Brown era homenageado no Oscar. Naquele exato momento onde o sujeito chegava ao topo da carreira, o mal amado estava despejando ironias diminuindo o feito do artista pelas redes sociais.

Que não goste! Mas respeite. Que não participe! Mas deixe que saboreiem o doce momento sem lembrar das calorias.

O jornalista é preparado pra ser perturbado, pra achar pelo em ovo e sempre desconfiar de tudo. Mas quando ele vai para o entretenimento, ou ele deixa de ser burro, ou destrói o próprio produto.

Talvez não seja muito difícil enxergar a consequência dessa merda toda.

Difícil mesmo é olhar pra um estádio com 30 mil pessoas num amistoso, as 22h, numa quarta-feira e ver o “último dos moicanos “ deixando o cargo de capitão do mais popular time do país e se limitar a aplaudir.

Léo foi um dos grandes no que fez. Fez história, e você? Fez o que enquanto a história se encerrava diante de seus olhos?

Aprenda a aplaudir para só então se sentir no direito de vaiar.

Valeu, Léo! Foi um prazer te ver escrever essa história.

abs,
RicaPerrone