Inter, 105

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Cresci ouvindo e constatando diversas “verdades” sobre o futebol. Poucos clubes me fizeram repensar velhas certezas como o Internacional, que completa 105 anos nesta sexta-feira.

Quando garoto eu fui a Porto Alegre visitar uns parentes e meu pai me levou ao Beira-Rio. Acho que tinha 10 anos, era uma segunda-feira sem jogo,m em janeiro, férias. Dali, da ponta do gramado onde subornamos um guarda para entrar, ele me contou sobre Falcão, os títulos e os grenais.

Guardei a idéia de que aquele time vermelho era um dos pilares de sustentação do futebol brasileiro. Sim, pois sem ele, não há grenal. Sem grenal, não há futebol no sul. E sem isso, somos 10 grandes, não 12.

Mas enforcado sim pelos títulos do rival, o Inter precisava buscar uma forma de voltar a ser competitivo e fazer jus a seu nome, ganhando espaço fora do país.

E lá pra metade dos anos 2000, surge um clube que pela primeira vez em mais de 120 anos de futebol, desafia a mais velada regra do futebol brasileiro.

Ninguém se mantém competitivo por muito tempo.

Os campeões no Brasil são invariavelmente gerações que duram em média 5 anos, seguidas de um período de seca, até que o clube encontre uma nova geração. O que pode durar 5, 10, 20 anos.  Nunca se sabe.

O próprio Internacional levou, talvez, 20 anos pra achar um novo “grande momento”. E então, se propôs a torná-lo regra.  Fez-se então o clube da exceção.

Desde 2005 o Internacional consegue, pela primeira vez no futebol brasileiro, não viver de surtos e sim de uma constância. O clube é sempre, no mínimo, competitivo.  Mantido por sócios, sempre com um ou dois jogadores de muito alto nível, sempre disputando títulos e revelando jogadores sem parar.

O Inter, senhores, é o primeiro time do Brasil que ousa interromper a rotina de fases vivida desde que a bola rolou pela primeira vez por aqui.  Agora, com um novo Beira-Rio, mais dinheiro disponível e menos verba comprometida, o foco volta pro gramado e não há nada que esperar senão títulos e mais títulos.

Desconfio que o Inter tenha sido o primeiro clube brasileiro a entender uma nova era e abrir mão de viver de mágicos momentos para ser uma estrela constante, brilhante, mesmo que não vencedora todo ano.

Pragmático como todo gaúcho, o Colorado não quer escrever belas páginas, nem fazer belas capas de livro. Quer apenas que eles existam para contar suas glórias.  E assim, diante de um novo e imponente estádio, com registros recentes de títulos e campanhas incontestáveis, campeão de tudo, sempre protagonista, o Inter sopra velinhas  de veterano como um garoto.

Cheio de energia, sonhos, planos e perspectivas.

Hoje, 4 de abril, até gremista devia sair nas ruas de vermelho para comemorar. Afinal, o que seria do Grêmio se ao seu lado não tivesse algo tão grande quanto e vice-versa?

Parabéns, Inter!

abs,
RicaPerrone