Impossível

Sei que o Palmeiras pediu numa medida desesperada. Sei que o Inter acha isso uma perseguição “do eixo”, como sempre. Não sei o que o STJD vai decidir, mas acho aceitável que ele “suspenda” o resultado até de fato decidir.

Pode parecer um lance comum, mas não é. Estamos diante de uma correção vinda de fora. Isso ajuda, mexe no jogo e, segundo a lei, não pode.

É claro que há o exagero pelo momento do Palmeiras. Mas há também a dose bem aceitável de argumentos sobre os gols que eventualmente o Palmeiras sofreu de forma irregular e que por não ter alguém fora pra avisar, foram validados. Por exemplo…

Juiz não pode ter interferência externa. Mas sabe, no intervalo, o que errou no primeiro tempo. Alguém que viu conta. Assim como treinadores e jogadores TAMBÉM fazem uso dos reporteres ao lado do campo pra saber se foi ou não e pressionar, assim como pra saber do tempo de jogo.

Ou seja, a regra existe, mas não é cumprida de lado nenhum. Todos se beneficiam dela em algum momento, e é natural que quando um prejudicado tenha peso o barulho seja outro.

Ninguém está discutindo, imagino eu, se o juiz acertou ou errou. Ele errou, depois corrigiu.

“Então, se no final acertou, porque o chororo?”.

Porque em outros lances diversos no campeonato o Palmeiras pode (e deve) ter sofrido gols irregulares que não tiveram a ajuda de uma camera pra fazer o cara voltar atrás. E aí, sim, se torna injusto.

Injusto com o Palmeiras, mais ainda com o Inter que não tem nada com isso e que se jogar 10 vezes contra esse time do Palmeiras ganha 9.

De forma alguma defendo o STJD. Acho, inclusive, uma enorme porcaria pro futebol, um bando de gente que só quer aparecer e inventar critérios absurdos pra julgar. A questão é que, neste caso, difícil como é, ele age bem ao suspender até que se decida.

Porque amanhã, se o Inter encostar no SPFC e a decisão for pela anulação do jogo, dirão que foi “esquema pra ajudar time paulista”. Se o Inter precisa de 3 pra passar o SPFC e os pontos são mantidos, dirão que foi “pra tirar o SPFC da Libertadores”.

Ou seja, sabendo que vivemos numa era onde tudo está sob suspeita até que se prove honestidade e não o contrário, o STJD, neste caso, me pareceu razoável.

A decisão é complicadíssima e seja ela qual for, vai desagradar.

O mais interessante no caso é que esteja você do lado que for, está errado. E certo também.

Nessa, e talvez só nessa, o STJD não está transformando um lance simples num enorme problema. O problema de fato existe, é altamente discutível e, como disse, não tem um lado certo e outro errado.

É a decisão mais difícil que eu já vi o STJD ter que tomar em toda minha vida. E se erram nas mais bestas, quem sabe não acertem na mais complicada?

abs,
RicaPerrone