Fielzão do povo

Ao que tudo indica, será o “estádio do povo”. Se não for pela popularidade, pela fama de ter sido um estádio “dado” pelo governo. As polêmicas não vão terminar seja qual for a decisão do governo pelo simples fato de existir paixão na avaliação.

Assim sendo, nem Chico, nem Francisco. O meio termo, quase ignorado neste caso, seria a alternativa mais aceitável.

Eu não vou entrar no discurso anti-corintiano de sair gritando que é “roubo”, “absurdo”, etc, pois como a maioria, também sei que quase nada neste país foi feito sem “ajuda” e “incentivos” do governo.

Não vou achar um crime que as relações políticas do Corinthians o favoreçam nessa disputa pois se fosse o SPFC o escolhido, lembrariam que tem um deputado colocado lá pra isso, um líder de oposição no governo, além do Kassab ter passado ótimos momentos no camarote do Morumbi durante o tricampeonato brasileiro.

Só se procura esse tipo de relação onde há um beneficio. Mas é interessante lembrar que os derrotados também teriam suas relações, politicagens e etc.

A diferença entre o São Paulo e o Corinthians, neste caso, é que o Corinthians fez a politicagem pra conseguir o dele, e o SPFC facilitou ao cometer um erro grotesco no projeto.

Bom repetir pra que as pessoas não deturpem a verdade: O Morumbi foi APROVADO pela FIFA e pela CBF.  Quem apresentou algo sem orçamento e deu de bandeja os argumentos pra CBF mudar o palco foi o São Paulo e não um terceiro.

Se o beneficiado foi o Corinthians, sorte dele.  De qualquer forma, com Fielzão ou sem, o Morumbi teria se complicado por não ter garantias. Assim como, hoje, o Fielzão não tem.

A diferença de tratamento da FIFA neste caso é pequena. Ela nunca deu ok pro Fielzão, como nunca deu ok pro Morumbi. Ela disse que os projetos estavam ok. Se o Corinthians não tiver garantias, perderá também. O que aliás, é o que está acontecendo. Por isso estamos tendo votação e este post.

E já passou da hora de separar governo, CBF, FIFA e clubes.

Eu acho certo 400 paus pra algo privado? Não, não acho.

Acho que se fosse o Morumbi seria zero? Não, fatalmente não seria.

O que acho é que ao invés de grana ou isenção fiscal, seria  mais negocio usar uns 100, especificar onde vai e “ajudar”, não “entregar”.

Se a cidade fica sem abertura, azar da cidade. Eu não sou (e aposto que 99,9% de voces tambem nao) alguem capaz de dizer o quanto é relevante pra São Paulo ser a abertura. Talvez até valha o investimento, talvez não.

Mas algum argumento deve ter, caso contrário não seria aprovado por situação e oposição juntos.

Acho “meio estádio” um exagero de verba. Como acho tosco o argumento de “podia ter ido pra hospitais”, porque é preciso ser muito superficial pra pensar assim. A verba da saúde não vai mudar porque você fez um campo aqui ou uma pracinha ali. São “dinheiros diferentes”, se me permitem o chute na gramática pra ficar mais claro.

“Ah, então ajuda Morumbi e Palestra!”. Não, não caberia no mesmo argumento. Se os dois não recebem abertura de Copa, se a cidade não se beneficia disso, não cabe.

“Ah, o Corinthians é ladrão”. Caros, o Corinthians é muito esperto, isso sim. Ele não está forçando ninguém a nada. Ele diz: “Posso ter um de X. Precisam de Y? Então paguem… eu nao tenho”. E qualquer clube no lugar dele faria o mesmo. Pode ter absoluta convicção disso.

Esquece Corinthians, São Paulo, Palmeiras. Trata-se de uma obra privada, que terá impacto na economia da cidade e por isso o Governo acha relevante ajudar.

Essa é a discussão. Só essa.

Você acha que vale a pena investir 400 milhões pra abrir Copa aqui? Existe algum estudo que possamos ver dizendo que vamos “deixar de ganhar” mais do que isso sem esse investimento?

Justo não é.  Mas se fosse no Morumbi, por exemplo, a prefeitura gastaria um caminhão em volta do estádio pra fazer as tais areas de transito de pedestres que a FIFA obriga.

Ou seja, de qualquer forma, seja em volta, dentro ou pra chegar lá, o governo teria que fazer alguma coisa e investir um pouco.

Questiono se este “pouco” não virou “demais”.

O resto, honestamente, não  tenho números nas mãos pra discutir.

O que eu lamento muito é ver uma discussão tão importante, num momento tão delicado sendo tratado APENAS como uma briga de torcedores.

É nítido! Os tricolores, começando por seus dirigentes, se fazendo de preocupados com as contas do estado. E os alvi-negros mudos, se fazendo de bobos. Os palmeirenses fazendo tags no twitter, e por ai vai.

“Você é contra?”, “Você é a favor?!”, “Você defende?!”, “Você denuncia!?”…. Que importância tem o rótulo que isso leva diante de uma discussão baseada em futebol?

Afinal, é o nosso dinheiro ou o ego do nosso clube que está em jogo?

Até aqui, pra mim, é apenas uma briga de clubes e torcedores.

Quando isso virar um questionamento social sério, sem fins apaixonados, me avise que eu volto a me preocupar.

abs,
RicaPerrone
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