Eles ainda podem mais

Corre, brucutu! Enfia a bota, volta pra marcar, acompanha o lateral, faz o que seu professor mandar.  Assim, será titular. Quem sabe, convocado.

O futebol mudou, o jeito de jogar mudou, a arbitragem mudou, o torcedor mudou. Foda-se meu quarteirão.

Entre tanta correria, tanto pragmatismo e tanta necessidade de marcar, cercar e “não sofrer o gol”, os mais velhos deitam e rolam.

É dificil jogar com 36 contra garotos de 20. Mas é dificil pros de 20 que não souberem sequer levantar a cabeça ao dominar uma bola marcar quem já viu o lance antes da bola chegar.

Deco, Felipe, Juninho… Pra que correr feito louco? Quem corre é a bola, craque é que “manda” ela correr.

Se Felipe e Juninho podem jogar juntos, não sei. O Vasco sem eles, nem pensar.

Thiago Neves custou caro, mas quem cadencia o time é o Deco, veterano, longe de valer 20 milhões de dólares.

Djalminha parou, mas se quiser voltar, hoje, pode.

Se há um beneficio na evolução física do futebol não é o quanto eles correm mas sim por mais quanto tempo podem correr.

Num mar de “bons meninos” ainda brilham os “ótimos veteranos”.  Contra a lógica, contra as teorias mais repetitivas sobre marcação e “futebol moderno”. Mas a favor do talento e da boa técnica que ainda passa por cima de um valente gladiador de intermediária.

Deco deu show na final da Taça Guanabara, deu show no La Bambonera. Felipe resolveu ontem, Roger fundamental pra não eliminar o Cruzeiro em Minas.

O tempo passa, o mundo gira, o futebol evolui e o básico da coisa segue igual, ainda que tentem mudar.

Craque é craque. E nos pés de quem pensa ela corre melhor e mais rápido do que as pernas de qualquer garoto brucutu.

Ao invés de ensinar a marcar, deviam ensinar os garotos a levantar a cabeça. Ao invés de correr, deviam pensar.

E ao invés de perguntar se os veteranos “ainda podem”, devemos torcer para que possam mais e mais.

É de futebol que gostamos. Sem o físico, é só isso o que eles tem pra nos dar. Ou melhor, “tudo isso”.

abs,
RicaPerrone