Bandeiras rubro-negras

Não inventaram ainda nada mais fácil do que o flamenguista.  Nem a mais vadia das mulheres é tão facilmente seduzida quanto um rubro-negro fanático.

E não, nem de longe quero insinuar algo relacionado ao discurso da chapa vencedora, pois sequer o conheço com detalhes. Sei, no entanto, que vai na contra-mão do que hoje comanda o clube. O suficiente para criar uma perspectiva de mudança.

Flamenguista acha que vai a Tóquio no domingo e a série B na quarta-feira.  A bandeira muda de tamanho, de ídolo, até de cor! Mas estão sempre lá.

Tremulando num pedido desesperado por ajuda divina ou debochando da fé alheia convicto de sua grandeza, lá estão elas.

Num treino, no jogo, no aeroporto, em todo país, em toda parte.

Flamengo apaixona e causa alucinações.  Torcedores viram analistas politicos, socios viram marketeiros de campanha e profissionais de qualquer área se tornam especialistas em qualquer coisa para tentar encontrar o caminho de uma vitória.

Nem de longe a próxima diretoria fará algo tão ruim quanto prevê o  mais pessimista dos rubro-negros. E nem se for perfeita fará metade do que sonha o mais otimista deles.

Dirigir o Flamengo é guiar um fórmula 1 com pneus de bicicleta. Vai derrapar, por melhor que você saiba conduzir aquilo, ele vai escorregar e pode machucar muita gente.

Não há diploma ou curriculo capaz de estar a altura do cargo de controlar a paixão de 35 milhões de pessoas. Não tem faculdade pra isso, nem experiência.

As bandeiras que foram rubro-negras a vida toda por horas foram azuis.

Azul que representou esperança, novidade, o aval do Zico e gente de fora querendo organizar o que de dentro ninguém conseguiu.

Mudou o foco, o que ja é um passo. Se antes o apaixonado inconsequente rubro-negro só olhava pro treinador, hoje olha acima dele pra buscar o problema.

Se ontem o pedido era por irresponsabilidade numa compra, hoje é por cautela nos gastos e na gestão.

Flamenguista amadureceu, mas continua fácil.

Com 3 vitórias acha que vai ao Japão. Na quarta partida, se empatar, é crise.

Flamengo vive de drama, não haverá calmaria mesmo que tudo esteja perfeito um dia.  É preciso sofrer, vibrar, participar, perder ou ganhar.

Quando não em campo, numa eleição que tomou conta da cidade com uma relevância que de fato ela não tem.

Não tem pra mim, pra você, pro tricolor, pro pobre coitado que não gosta de futebol. Pra eles, era uma decisão.

Sem casa cheia, mas de saco cheio.

O Flamenguista faz o que sempre fez ao erguer uma Bandeira na esperança de ajudar seu clube.

E ela, a vilã da vez, o abraça evitando que a animosidade até prevista antes do pleito ficasse acima do clube.

Não há mais azul, rosa e amarelo. Há uma Bandeira, não a de Mello.

A do Flamengo, e só.

abs,
RicaPerrone