As escolas, as torcidas

Carnaval, pra muitos, é um bando de gente tocando samba e se fantasiando. Para quem conhece escola de samba, é uma demonstração artistica e cultural, um show, um momento de união, paixão e respeito único, onde o pobre vira centro das atenções e o rico aplaude em pé aquilo que não consegue entender como é feito.

Um exemplo raro de paixão e respeito, onde as “co-irmãs” disputam não apenas um título, mas também um lugar na história. Quantos e quantos desfiles ficaram marcados sem um título? Isso é carnaval. Mas, para a LIGA de SP, é outra coisa.

A Globo não sabia o que fazer para paulista gostar de escola de samba. Apelou pra futebol, aceitou jogar em cima do Corinthians o ibope disso tudo. Tremendo engano, que as próprias escolas tinham que ter vetado no começo.

Nao por ser o Corinthians, nem a Gaviões. Mas por ser futebol.

No futebol, principalmente em São Paulo, só importa o resultado. E carnaval não é isso.

Aqui, o time rival é inimigo, nao rival. Logo, isso não cabe no samba.

Escola de samba é a Vai-Vai, a Camisa, a Rosas, e tantas outras. Torcida é torcida, escola é escola.

Dá pra uma torcida virar escola? Dá.

Dá pra 3,900 componentes irem a um jogo cantar? Óbvio que dá.

O problema é o que tem dentro da cabeça e do coração de quem faz isso.

O sambista ama o samba. O torcedor ama o time, não o esporte.

A Mancha é a resposta natural ao que fez a Gaviões, com ótimos desfiles, diga-se.

A Dragões será a terceira resposta natural a tudo isso.

E as mortes, as brigas e o fim do carnaval paulistano, que sequer saiu da fralda, é outro caminho natural se continuarem com essa merda, com todo respeito.

E quando digo que não saiu da fralda, não me refiro ao pandeiro, ao tamborim e as alegorias. Me refiro a conseguir o envolvimento REAL da cidade com o samba, com as escolas e o desfile. Não existe ainda, e focando em futebol não existirá jamais.

Eu não quero ser sãopaulino no carnaval. Quero ser Mocidade. E foda-se se ela é verde, amarela ou preta. Eu tenho uma “comunidade”, ou um simples gosto por algo que me identifique. E jamais passa pela minha cabeça, porque o carnaval proibe que assim seja, odiar ou querer agredir o meu amigo torcedor de outra escola.

O futebol, infelizmente, permite.

E focar o carnaval numa disputa futebolistica é uma burrice sem tamanho.

É buscar uma medida emergencial em troca de atenção. Mas que não resolve o problema.

Você apela ao Corinthians, terá retorno, óbvio. Apela ao Palmeiras, idem. Mas, não precisa apelar a nada.

O carnaval é lindo e relevante por si só, não precisa disso.

Se soubessem se comportar, seria apenas um complemento. Mas, não sabem. A mentalidade é outra. E assim sendo, fica o carnaval do Rio de Janeiro eterno e o de SP mantido pelo futebol, até o dia que o castelinho de cera cair no chão.

Espero que a LIGA tenha vergonha na cara e expulse a Gaviões da Fiel do carnaval. Pois quem atira mesa na torcida adversária ou nos proprios jurados tem que ser expulso, aliás, como no futebol.

Se partisse da torcida, vá lá. Mas dos comandantes? É o fim.

E entendo por LIGA algo onde um grupo de participantes se junta para tomar medidas. Assim sendo, cabe as escolas de samba de SP simplesmente expulsarem as torcidas de sua LIGA. Assim, mostrarão ao paulistano que carnaval é gostoso por ser carnaval, não porque você torce, ganha ou perde.

E por favor, sem viadagem… não foi “A GAVIOES”. Se fosse a Mancha, a Independente ou a torcida lá do Ibis a chance de acontecer o mesmo era enorme. Torcida é torcida, e organizada, pior ainda. Não tem controle algum.

Parabéns pra Rosas de Ouro, ESCOLA DE SAMBA de primeira linha. E que paga o preço de ser uma das que assina a autorização dessa palhaçada em troca de Ibope.

Infelizmente, ou não, a campeã do carnaval sai na quarta.

Sabe porque?

Porque carnaval tem apuração na quarta. Pegou?

abs,
RicaPerrone