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A arte de pagar pau

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leftBrasileiro é um povo engraçado. Quando cai um avião aqui, é falta de estrutura. Quando cai na Europa, é azar. Quando americano faz show, é organização. Quando brasileiro dá show, é vagabundo. Tudo aqui é pior, invariavelmente.

E para levar isso ao futebol bastou sugerirem que a formula europeia funcionava e era mais justa que deu no que deu.  Criaram um repertorio variado para tirar do torcedor o que ele mais prezou a vida inteira: a emoção.

Futebol é, sempre foi e sempre será, o maior lazer do brasileiro. E não porque é bonito ver Barueri x seu time, mas porque a explosão do gol, do lance duvidoso, da virada dramática, da decisão no ultimo minuto e aquela coisa toda que o futebol gera nas pessoas é a cara do brasileiro.

Somos assim. Apaixonados, vibrantes, animados, divertidos. Não somos europeus, e nunca seremos. Graças a Deus.

Inventaram de copiar a formula de pontos corridos dos caras. Eu sempre fui a favor disso, engolindo o argumento que era mais justo e o caralho a quatro. Hoje, passados anos e anos deste formato, não consigo ver mais do que um argumento pra mantê-lo.

“Os times jogam até dezembro e conseguem não ter férias com antecedencia, o que equilibra as contas”.

Ok, esse é bão! Mas o resto… tsc tsc tsc.

Justo??

Os brasileiros tem sido decididos contra times pequenos e de férias. Ou, pior, contra times que não querem ganhar seus jogos. É patético.  Você rala o ano todo e vai decidir pressionado a vencer um nanico descompromissado que, talvez por isso, tenha facilidade em achar um gol e usar seu desespero.

Ou, pior ainda, você ganha de todos os grandes e perde o titulo porque não venceu o Barueri, Avai, Santo Andre, que hoje formam mais de 40% dos participantes.

A festa da CBF é só retrato do anti-futebol.

Anunciam o terceiro, o vice e o vencedor do premio sabe que ganhou por exclusão. Nunca vi nada mais broxante.

Mais broxante do que isso é um time campeão pegar a taça de terno e gravata na segunda-feira a noite no Sportv ao vivo.

Mais ainda é você ter que ficar ouvindo rádio no estádio pra saber se seu time pode ou não ser campeão com aquela vitoria.

O que perde a “final”, sai rindo. O vice tá la em outro estado, ouvindo no radinho.

O campeão não precisa necessariamente ter vencido o vice, o terceiro, o quarto. Ele precisa se fechar e fazer 1×0 em todos os pequenos que tiverem no seu caminho. Assim, sem brilhar, faz um campeonato no melhor estilo Imperatriz Leopoldinense e leva o caneco sem que ninguem guarde na memoria a forma com que foi conquistado.

O que pra muitos é otimo. Pra mim, é pior do que não ganhar.

Campeonatinho sem graça, sem explosão, recheado de prognosticos, combinações, coincidencias e acasos.

Campeão é aquele que faz melhor campanha e ganha do segundo colocado.

Final é quando um sai explodindo de alegria e o outro de dor.

Campeão dá volta olimpica e mostra a taça pra torcida.

Campeão não fica sabendo pelo rádio que ganhou, como em 2006 e aquela cena ridicula no Morumbi do time no meio campo esperando acabar o jogo do Inter, enquanto empatava com o Atletico PR…

Emocionante até a ultima rodada, dizem. E desde quando mata-mata é menos emocionante que isso?

O time mais regular ganha.

Ganha de quem? Ganha como? Ganha de quem tinha que ganhar?

Ganha o time mais estruturado.

E dai? É premio de melhor empresa essa merda ou campeonato de futebol?

2009 foi o ano que o pontos corridos mostrou a todos o limite do que ele pode dar. Chama-se equilibrio. E mostrou também que nós, brasileiros, nos apegamos a mil argumentos contra e a favor do que acreditamos. Respeito todos eles.

Mas por favor, não repitam que “na Europa funciona”, porque não existe comparação alguma entre nós.

Temos 12 gigantes, cada pais lá tem 2 ou 3. Temos torcidas apaixonadas que assistem aos jogos em pé. Lá é na cadeirinha, ingresso numero e todo certinho. Nos abraçamos quando sai gol, lá eles aplaudem.

Brasileiro gosta de emoção, explosão, gozação, festa.  Não compare.

Respeito quem prefira o pontos corridos. Mas esse argumento de que a Europa funciona é o que chamo de PAGAÇAO DE PAU incondicional. Onde não se analisa com criterios, mas simplesmente com admiração e vontade de apenas copiar, já que criar é coisa pra corajoso.

abs,
RicaPerrone